Manuela Techera Cardozo
Nasceu a 21 de maio de 1927 em Arroyo Blanco, Departamento de Rivera, Uruguai, filha de Paulo Techera Olivera e de Manuela Elisa Cardozo, também ali nascidos. Os quatro avôs nasceram no Brasil, como se pode ver em sua árvore genealógica mais adiante.
Adolfo Antonio Fetter Junior, brasileiro, doutor em Ciências Políticas, escreveu um livro sobre a população do Rio Grande do Sul: “Pioneiros, Aventureiros, Guerreiros, e seus Herdeiros”. Na página 237 do Volume I, Fetter Junior discorre sobre “A descendência de Antonio da Silva Motta e Lucinda Ignacia de Jesus Ferreira” e na página 240, sob o número 2.2.6.2.2. está Manuela Techera. Isto significa que seus avós chegaram ao Uruguai, mas do lado brasileiro ficaram familiares.
Manuela falou somente Português até os seis ou sete anos, quando foi viver com sua avó materna, que exerceu forte influência na sua infância e a quem sempre se referia como “abuelita”. Nunca esqueceu as canções infantis em Português, nem os jogos de seu tempo de criança, característicos do Brasil.
Além de Engenheira química, graduada pela Universidade da República Oriental do Uruguai, era também Tradutora Pública de Português, exercendo as duas profissões por muitos anos. Desde muito jovem se interessou pela história de Portugal e do Brasil, tornando-se uma verdadeira erudita no assunto. Dizia sempre “O mundo que o português criou”.
Certificada em cursos de Língua Portuguesa, técnicas de ensino e outros, todos ministrados pelo Instituto Cultural Uruguaio-Brasileiro de Montevidéu, onde veio a trabalhar como professora de Português.
Descendia de portugueses açorianos e do continente, e tinha ancestral na Colônia do Sacramento. Pesquisadora e entusiasta da cultura açoriana, foi sua grande divulgadora. Participou de diversos encontros, seminários e simpósios sobre o tema, não só nos Açores como em sua terra natal e no Brasil (MA, RS, SC, etc.).
Era sócia da Casa de Azores de Uruguay “Los Azoreños” e da Casa de Portugal, Montevidéu; associada correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas-RS (IHGPel). Associada correspondente do CBG desde 06.09.2011, faleceu a 05.03.2020 em Montevidéu, capital do Uruguai, aos 92 anos.
Manuela se auto-denominava “pregadora” da cultura brasileira e de suas origens, uma paixão que, tanto nas palestras como em reuniões com amigos, deixava as pessoas fascinadas e atraídas pelo tema. Fui testemunha do tanto de emoção com que transmitia seus conhecimentos. Ela costumava contar que, quando ia ao médico ou viajava de táxi, sempre acabava por conversar com o doutor ou o taxista sobre sua ascendêcia brasileira.
Amava o Brasil, muito mais que seu lugar de nascimento; os brasileiros eram sua grande família. Quando saía em viagem, seu objetivo era primordialmente o Brasil, que conhecia do Maranhão ao Rio Grande do Sul. Realmente Manuela disfrutaba de esos viajes, estaba con su gente en su tierra de origen.
Por Raquel Inés Dominguez Sciara, do Instituto de Estudios Genealógicos del Uruguay
Texto publicado na revista Brasil Genealógico, do CBG, Tomo VI, nº 2, 2021.