Procura por testes de ancestralidade cresce mais de 1.000% no Brasil; entenda mapeamento

Especialistas explicam que testagem genética é feita a partir da saliva ou da coleta de sangue, mas é preciso ter cautela quanto aos resultados.

Original por Laura Couto, no site da CBN BH.

“Qual é a sua origem?” O desejo de descobrir a resposta para essa pergunta tem feito crescer a procura por testes de ancestralidade no Brasil. Nesse tipo de exame, são apontadas as raízes étnicas e ancestrais de uma pessoa,, e foi justamente a curiosidade pelo passado que levou Rafael Aquino, mestre em ciências sociais, a procurar a testagem genética.

De uma forma muito natural, eu sempre tive interesse em pesquisar a região do Oeste da África, pela cultura, devido à música que eu gosto muito. Aí, quando fiz o teste, deu que 82% do meu DNA é exatamente dessa região. Fiquei muito surpreso, porque eu gostava mais pela questão de afinidade e de sentimento, não tinha certeza nenhuma dessa ancestralidade“, disse.

A testagem consiste na extração e leitura da sequência de DNA em laboratório. Posteriormente, os dados são inseridos numa plataforma que, por meio de algoritmos, consegue pontuar regiões onde a sequência genética já foi detectada, indicando parentesco com aquele povo.

Em um dos maiores laboratórios de genética da América Latina, a busca pelo teste de ancestralidade aumentou 1.100% em apenas três anos. Recentemente, o time de futebol Palmeiras realizou o mapeamento de alguns jogadores para resgatar a origem africana dos atletas.

Doutor em genética da USP e cofundador do laboratório Genera,, Ricardo di Lazzaro explica que o método permite uma árvore genealógica com pelo menos cinco gerações passadas:

O teste de ancestralidade vai avaliar, especificamente, a sequência do DNA de um indivíduo para comparar com milhares de pessoas pelo mundo e dizer, por similaridade, o provável local de onde vieram os antepassados dessas pessoas. Então, a gente consegue traçar por milhares de anos. São pelo menos cinco gerações para trás, e é algo que só uma leitura genética consegue trazer”, explicou.

Coleta de DNA para mapeamento genético pode ser feita em casa

A coleta, que antes era restrita ao exame de sangue em laboratórios, foi simplificada com a popularização. Agora, é possível colher o DNA em casa pela saliva, por meio de um swab bucal, semelhante ao que é usado no autoteste da Covid. O envio da amostra é feito diretamente pelos Correios. A faixa de preços pode variar de R$ 100 a até R$ 1 mil, para testes mais complexos.

Apesar dessa alta demanda, especialistas alertam sobre o grau de confiabilidade. Pesquisador há 30 anos sobre genética humana, o professor da UFMG Eduardo Tarazona diz que é preciso ter cautela com os resultados, principalmente quando desconsideram miscigenação e fronteiras entre países.

As pessoas têm que ser mais cautelosas e mais incrédulas, principalmente quando pretendem separar a ancestralidade no nível de país, isso é meio complexo. Se você considera a Europa, é uma região pequena comparada ao Brasil, por exemplo. Eu posso falar quanto de ibérico uma pessoa tem, mas é muito difícil diferenciar, por exemplo, a ancestralidade de alguém de Lisboa para alguém de Estremadura, na Espanha, que fica a duas horas de carro. No caso de brasileiros, tem o fato de que somos miscigenados, e o componente indígena é ainda mais difícil porque existem poucos dados de comparação“, analisou.

Localização de parentes desconhecidos

A análise genômica pretende ainda ajudar a identificar parentes distantes que compartilham sequências genéticas com a pessoa que fez o mapeamento. A partir da linhagem disponibilizada, a designer gráfica Núbia Santos conseguiu localizar familiares paternos até então desconhecidos.

Essa parte, inclusive, foi o que me ajudou muito a descobrir quem era o meu pai porque, no teste, eu localizei uma prima de segundo grau. Como tenho uma quantidade de 27% de DNA ibérico, a gente procurou ali na família alguém que tivesse se casado com um português ou espanhol. Isso me ajudou muito porque o meu avô, embora nascido no Brasil, era filho de pai e mãe portugueses, e esse DNA veio dele”, contou.

Testagem genética na área da saúde

A testagem promete até mesmo apontar as predisposições para doenças futuras. O médico geneticista João Paulo Faria avalia que os resultados devem ser considerados pelo lado recreativo, mas, na questão da saúde, ele aponta que tecnologia usada é uma versão simplificada e não tão precisa.

Esses testes comerciais estão abaixo do valor dos testes que nós usamos na medicina porque eles usam uma resolução mais baixa. É um teste mais superficial. O resultado não é positivo ou negativo, não é um resultado que fala, de fato, se você tem uma predisposição ou não e, por isso, eles não devem ser utilizados com essa finalidade. Os laboratórios estão acoplando esse tipo de informação, mas a classificação não tem validade nenhuma. Ela tem gerado mais ansiedade do que alguma utilidade“, explica.

Segundo um relatório da Precedence Research, responsável por pesquisas no ramo, a expectativa é que o mercado de testes genéticos cresça 18% em todo o mundo até 2028.

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