Raimundo Girão

Filho de Luís Carneiro de Sousa Girão e Celina Cavalcanti, nasceu na fazenda Palestina, do município de Morada Nova, no Ceará, em  3 de outubro de 1900.

Em 1913 passa a residir em Fortaleza, onde estuda no Colégio Colombo e no Liceu do Ceará. Em 1920 entra na Faculdade de Direito do Ceará, e cola grau de Bacharel em 08 de dezembro de 1924. Nesta mesma faculdade doutorou-se em 1936.

Foi Secretário Geral da Prefeitura de Fortaleza (1932), Prefeito Municipal (19-04-1933 a 05.09.1934), Ministro do Tribunal de Contas (nomeado em 21.09.1935), presidente do Conselho Penitenciário do Ceará (1952), Diretor da Companhia Ceará de Seguros Gerais, Mordomo da Santa Casa de Misericórdia da capital cearense.

Diz Eurípedes Chaves Jr., seu neto e biógrafo: “Nomeado em 9 de janeiro de 1960 Secretário de Urbanismo do Município de Fortaleza, de cuja Pasta foi o primeiro titular, pois foi ela criada por sugestão sua. Nomeado, por Ato de 12 de agosto de 1966, Secretário de Educação do Estado; e por Ato de 3 de outubro desse ano, primeiro titular, da Secretaria de Cultura do Ceará (1966-1971), pasta criada com o desdobramento (a primeira no Brasil) da anterior Secretaria de Educação e Cultura, em conseqüência de trabalho seu constante e criterioso, adotado pelo Governo do Estado. A idéia inovadora do Historiador logo foi adotada por outras unidades da Federação; culminando, anos depois, com o surgimento do Ministério da Cultura, no Governo do Presidente José Sarney”.

A partir de 1946, foi Livre Docente da Faculdade de Ciências Econômicas da  Universidade Federal do Ceará (UFC), na Cadeira de Estudos Comparados das Doutrinas Econômicas. Foi um dos fundadores e primeiro Diretor da Escola de Administração do Ceará, a primeira faculdade no gênero em todo o Nordeste, hoje incorporada à Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Membro de diversas instituições sociais e culturais: Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará, onde chegou a Presidente de Honra; Instalador do primeiro Club de Rotary do Ceará, que por duas vezes presidiu; presidente da Academia Cearense de Letras (57-58), na qual ocupava a Cadeira n° 21; Sociedade Cearense de Geografia e História de, ocupava a Cadeira nº 22 e onde também foi Presidente de Honra; Museu Histórico e Antropológico do Ceará, hoje denominado Museu do Ceará, onde foi diretor; Museu do Vaqueiro, em Morada Nova (CE), que idealizou e fundou; núcleo cearense da Legião Brasileira de Assistência; Associação Cultural Franco-Brasileira, que dirigiu de 1951 a 1954; Instituto dos Cegos do Ceará, que ajudou a criar e onde era Benemérito, além do Clube Iracema – antiga e respeitada agremiação, famosa por suas tertúlias e excelência de suas reuniões lítero-musicais, que dirigiu também de 1949 a 1951.

Além dessas, pertenceu, como sócio honorário ou correspondente, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (Rio de Janeiro) e ao Instituto Genealógico Brasileiro, com sede em São Paulo.

Além do CBG, é patrono de Cadeiras na “Academia Moradanovense de História e Letras (Morada Nova), Academia Limoeirense de Letras (Limoeiro do Norte) e Academia Fortalezense de Letras (Fortaleza). Levam seu nome  a Biblioteca do Tribunal de Contas do Estado do Ceará e a do Centro de Estudos Sociais Aplicados da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Casou-se pela primeira vez com Maria Monteiro de Lima, que veio a falecer em 19.11.1925, sem filhos. Era filha de Manuel Gonçalves de Lima e Maria do Carmo Monteiro. O segundo casamento deu-se em 27.11.1926 com Maria Gaspar Brasil (Marizot), nascida em 18.03.1910 e falecida a 20.05.2004, em Fortaleza, filha de Prudente do Nascimento Brasil e Inês de Moura Gaspar. Do casal nasceram dez filhos, que se multiplicaram em numerosa descendência.  Faleceu a 24 de julho de 1988, em Fortaleza.

“Entusiasmado pelos estudos das famílias cearenses” – conforme escreveu o ocupante de sua cadeira no CBG, Vinicius Augusto Hollanda Barros Leal – “planejou um mapeamento do estado e conseguiu do Governador Plácido Castelo a nomeação de um grupo de trabalho para preparar um esboço de seu projeto. Durante meses, sob a sua coordenação, onze pesquisadores reviraram arquivos particulares e estatais, na busca de informações e dados. Infelizmente sua morte em 1988 não lhe permitiu ver os resultados de tal projeto”. Seu nome ombreia com o do Barão de Studart no conhecimento da historiografia cearense.

Deixou mais de sessenta títulos publicados nas diversas áreas de sua atuação, além de colaboração em periódicos – jornais e revistas –, volume que atinge quase cinco centenas de produções, entre artigos, crônicas e entrevistas.

No campo da História, destacam-se:

  • O Ceará –em co-autoria com Antonio Martins Filho – 1945;
  • A Marcha do Povoamento do Vale do Jaguaribe – 1600-1700
  • Bandeirismo Baiano e Povoamento do Ceará (ensaio) –  1949;
  • Geografia Estética de Fortaleza (o mais completo levantamento da História de Fortaleza) – 1959

No campo da genealogia propriamente dita, escreveu:

  • O Comendador Machado e sua Descendência – 1942;
  • Montes, Machados e Girões – 1967;
  • Famílias de Fortaleza – 1975.

Principais fontes de estudos sobre Raimundo Girão:

  • CHAVES JÚNIOR, Eurípedes. Raimundo Girão – Polígrafo e Homem Público (Roteiro Biobibliográfico). Fortaleza: Gráfica Stylus e Comunicações Ltda., 1986. 184p.
  • CHAVES JÚNIOR, Eurípedes; GIRÃO, Valdelice Carneiro (orgs.). Raimundo Girão – o Homem (1900-2000). Fortaleza: Editora Gráfica LCR, 2000. 257 p. Ilustrada.
  • GIRÃO, Célvio Brasil (org.). Memória do Sítio Passaré. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2007. 401 p. Ilustrada.
  • GIRÃO, Raimundo. Palestina, uma Agulha e as Saudades  (reminiscências). Fortaleza: Imprensa Oficial do Ceará, 2ª ed., 1984. 298 p. Ilustrada.
  • REVISTA DO INSTITUTO DO CEARÁ. Tomo CII, Ano CII, Volume 102, 1988.
  • REVISTA DO INSTITUTO DO CEARÁ. Tomo CXIV, Ano CXIV, Volume 114, 2000.

Ver também o Sítiowww.raimundogirao.com.br

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